quinta-feira, 10 de outubro de 2019

Livro Versos Ardentes

Título do livro: Versos Ardentes

Gênero: Poesia

Ateu Poeta/ Amadeu Nuvem/ Aroldo Historiador




 1
VERSOS ARDENTES

Quando o meu amor se foi
A minha vida parecia acabar
Deserto no meio do mar
Uma saudade que corrói

Só dor e insanidade
É o que batia neste peito
Era meu leito a necessidade
De saber que nada é perfeito

Os versos mais ardentes
Queimaram meu coração
A verdade parecia ilusão
Uma canção sem refrão

 O Seu sorriso deixou
Esse universo decadente 

Ateu Poeta
01/07/2014

2
ESCURIDÃO PROFUNDA

Acendi uma vela em meu coração
Para velar a escuridão que teu sorriso deixou ao partir
Num barco à vela à deriva
Velejando a poesia da vida

A saudade é uma ferida que nunca sara
Fica sempre mais profunda e cara
De amizade rara vira abismo
Um ostracismo da razão

Teus olhos serão flores no infinito
A ideia imortal de ti é que me dá a luz do dia
Uma estrela nova nasceu no céu
Plantei mil plêiades e pulsares

Em meu branco chapéu
Pra fazer pulsar a explosão de uma nova Via Láctea

Ateu Poeta
17:27
23/04/2012

3
CATARSE EM DÉGRADÉ

O que me encanta em você
Não é uma parte
É o completo
Até o dialeto

A risada de poesia em catarse
 O cabelo em dégradé
Enfim, tudo é belo
O sol é seu

Não estou ao seu lado
Até o amanhecer
Mas posso sonhar pelo menos
Seus pensamentos fingir ler

Para então estar nas nuvens
Ver o que não virá

Ateu Poeta
04/02/2014

4
ATÉ O DIA NASCER

Quando pego na minha viola
A tristeza vai embora
Até o dia nascer
À noite a lua mais brilhante

Que cada lobo andante
Uiva como cão errante
Antes da ruiva aurora florescer
Não há Kant que se afoite

Lançar olhos de açoite
Para quem cante com prazer
A música anestesia
Mesmo sem musa ou fantasia

Toda essa euforia
É o que me faz viver

Ateu Poeta
16/06/2014

5
MAESTRO SEM MELODIA

A vida vaporizou em várias paixões
Umas não mereciam o meu amor
Outras não passaram de ilusões
Algumas perdi por razões que desconheço

Viraram-me pelo avesso
Moeram todas as frações
Não sobrou coração nem verso
Muito menos viola, violino e violão

Nessa jornada sinestésica
Sem anestésico, pus o pé no chão
Virei androide sem sentido ao piano
Poeta sem fantasia ou plano

Tenor sem terno, temor e soprano
Maestro sem orquestra, batuta e melodia

Ateu Poeta
15/06/2014

6
SAI PRA LÁ

Sai pra lá
Minha cabeça não é pra chifre
Nem abate
Sai pra lá

Você não tem coração, só abacate
Sai pra lá
Tanto cachorro que morde e nem late
Sai pra lá

Já cansei de tudo nesse empate
Sai pra lá
Agora eu só jogo no ataque
Sai pra lá

Nem a vida mais me bate
Sai pra lá

Ateu Poeta
11/06/2014

7
VIOLÃO DE MARFIM

Meu coração não é de ferro
Mas puxo os pregos da paixão
Sem berro
Porque odeio ilusão

Não minta para mim
Aceito a decepção
Engulo com feijão
À sombra do clarim

Tocando meu violão de marfim
Para os confins do universo
Os ouvidos da noite apreciam
Versos e virtudes

Que criam vida e guarida
Para os homens de atitude

Ateu Poeta
11/06/2014

8
VILÕES NA VILA

Para quem tem poderes do dinheiro na mão
Estão à venda no mundo todos os prazeres
Para os demais: afazeres, voto, veto
Retos vetores, válvulas, transistores

Transtornos e entornos mentais
Poucos cifrões nos jornais
Parcos recursos de gregos
Novos vilões na Vila Isabel

Derramando fel com mel de ilusões
Negro céu de canhões
Quartel de amarras intelectuais
Nada que o metal não corrompa

Derreta, rompa e falsifique nos anais
Das podres páginas oficiais

Ateu Poeta
10/06/2014

9
NOS EMBALOS DE UM SÁBADO À NOITE

A noite me encontrou
Quando nem eu me achava
Quase fui feliz por um triz
Mas meu amor não me quis

Sem chave nem clava
Até a lua maldava
Os olhares que fiz
Mas tudo gelou

Frio fósforo de giz
Matrix sem matiz que chamava
Perdido como perdiz na matriz
Meu coração clamava

Voei sem retriz
Sonhei que você me amava

Ateu Poeta
03/06/2014

10
PUNK FEITO POESIA

Não adianta lamentar
Pelo que não viveu
Depois do ocaso
Adeus e nada mais

Aí jaz sem jazz nem blues
Não interessa se foi acaso
Ou proposital
Et cetera e tal

Tanto faz
O que importa é que você surgiu
E o céu se abriu num sorriso
Lindo, azul e incisivo no meu coração

A vida entrou no pulmão
Punk, feito poesia em vulcão

Ateu Poeta
28/05/2014

11
O OPOSTO DO FIM

Oposto do fim homem
O ocaso do sol é lindo
Apóstrofo dum dia novo
Com a nostalgia que vai embora

Para renascer aurora
E deixar o céu sorrindo
Como rio que jorra para o sertão
Oásis na imensidão do nada

Aposto que a passarada sonha
Canta e vibra risonha
Contemplando o templo in natura
Sobre a vermelhidão do mar

Onde a vida mergulha
E Fura a água feito agulha

Ateu Poeta
13/05/2014

12
NO ABRIGO DA CANÇÃO

O universo olhou para mim
Sem dizer nada
Em verso
vi

Alguma coisa qualquer
Que lembrou-me de ti
Talvez alguma estrela a sorrir
Esperei o céu se abrir em castelos

Para um elo com teus átomos encontrar
Tudo se vai pelo ar em rota de colisão
E gira o tempo todo
Numa falsa transubstanciação

Tenho-te comigo
No abrigo da canção

Ateu Poeta
05/05/2014

13
PEDRAS E FLORES

Uma ação errada e mil críticas recaem sobre ti
Uma certa e as pedras serão um milhão
E depois esquecem a razão 
Pela qual endureceste o coração 

Não querem saber por que
Só sabem julgar
São muitas cruzes
Para pouco altar

Exigem que vingues o sangue com flores
Daí é que aflora o coquetel 
Entre balas e rojões
Granadas e bombas de gás

Ninguém nasce soldado
É o mundo que faz

Ateu Poeta
27/04/2014

14
HISTÓRIA SEM FIM

A vida não é uma História sem fim
Mas bem que poderia
Ser melodia do eterno
Em vez de voltar à morte

Puro átomo fraterno
Por isso ponho meu terno
E vou dançar na chuva
Enquanto tiver sorte

Um dia irei a Marte
Sem amar-te nem um pouco
Perder-me em Astronomia
O universo é sinfonia do caos

Sem dor nem harmonia
Onde tudo vira poesia

Ateu Poeta
12/04/2014

15
CASEI-ME COM A LUA

Casei-me hoje com a Lua
Não é preciso fortuna
Nem mesmo ter um lar
Basta que seja noite

Verei de todo lugar
Espelho fiel do Sol
Às vezes mais bela que o arrebol
Faz a poesia florescer

Onde não há flor alguma
Quando tudo ao redor fenece
Cansei de esperar pelo que não vem
Não vi, não voga

E não aquece
Agora é hora de voar

Ateu Poeta
08/04/2014

16
MAR DE SINFONIAS

O poeta é um sonhador
Que mais haveria de ser?
Se o mundo não é azul
É pintá-lo para renascer 

Sob um blues víride de vidro
Da aurora mais tênue e melancólica
Poesia categórica
Não é mais que sinestesia

Se os sinos não badalam
Suas mãos cheias de calos
Calam cálamos e talos
Até a pluma florescer

Quando a primavera se aprimora
O seu coração mora num mar de sinfonias

Ateu Poeta
06/04/2014

17
SOL EM PANE

Não há mágica na vida
Apenas sonhos e ilusões
Falsas percepções
Em grandes voos

Rajadas de rojões
Porque as verdades são trágicas
Como poesia pesada
Única jornada

Átomos do jamais
Num universo incompleto
Opaco anátema de antíteses e axiomas 
Pão e circo num grito de gol

Arrebol que não vem
Antes da pane do sol

Ateu Poeta
03/04/2014

18
1º DE ABRIL

Saudação a todos os deuses
Anjos, santos e demônios
Um abraço para Pan
De onde saiu Pandora

Apelidado depois de Lúcio
Lucrécio, Lúcifer, Zarapelho
 Capiroto, Capeta e Satanás
Mas é protetor das Florestas

Cuida das flores, árvores e animais
Outro que jamais existiu
Por isso hoje é o seu dia
1º de abril

Mas o ano todo também é
Muitos milênios de pura fé

Ateu Poeta
01/04/2014

19
EU SOU O REI

Não é preciso voar para chegar ao infinito
Nem saber nadar para ter o mar no peito
A imaginação leva além do conflito
Do Japão à Belém

Surfando na crista do escorpião
No ferrão da onda aonde for
Na flor da miragem
À margem do céu

Sobre o quartel da razão
Não é o grilhão quem te faz preso
Mas a falta de visão
E de repente vou montado no dragão

Para o mundo que criei
Lá eu o sou rei

Ateu Poeta
31/03/2014

20

POESIA VAI E VEM

A poesia vai e vem
Assim de repente
Ilusiona um sentido à minha vida
Forte maré no peito

Azul, plena e inconstante
Eu que sou consoante à sua foz
Quando a sinfonia vocifera estridente
E bate feroz feito atabaque-tridente

Se a pluma se perde
Ainda há a verve verde da mente
Nova semente forja árvore cognata
Na mais perfeita serenata de outono

Divago devagar num quase andante passant
Sobre o adágio da tarde louçã


Ateu Poeta
31/03/2014

21
À LUZ DO NIILISMO

Alusão, ilusão en la lux
Nix que não me deixa dormir
Clarão mental que não é frenesi
Litoral: litros de mim que se vão

Clarins, jasmins, querubins
É tudo não
Vão, vapor, vastidão
Não sou russo nem Renato

Disparo, disparate, lirismo inato
Ou bala de arremate sem chá
Xeque d’en passant salutar
Os lunáticos têm razão

O niilismo ultrapassa Nietzsche
Talvez por isso a rima enriste irrite

Ateu Poeta
28/03/2014

22
MEU VIOLÃO

Já não preciso mais
Do teu sorriso fugaz
Para sobreviver
O meu violão

Já não quer teu coração
É hora de renascer
Um novo acorde a cada sol
Toco até o arrebol fenecer

E tudo se transforma
Transborda e transporta
Muito além de mim
A noite já não tem fim

O universo se faz clarim à minha voz
Música: minha eterna foz

Ateu Poeta
25/03/2014

23
INEFÁVEL

Inefável flor
Meu coração acelera diante de ti
O sol é quimera que queima minha solidão
À tua janela há um mundo vão

Onde não protagonizo
Aprendi a ser Narciso
Para tentar sobreviver
Ícaro se deixou fenecer pelo desir

Agora só me importa o que há de vir
Não cultivo mais o jardim onde nasceste
Nem me importa o teu perfume ímpar
És incógnita, busco aforismos

E não algoritmos
De falso lirismo

Ateu Poeta
15/03/2014

24
O MAR SERÁ MEU

Quem dera
Viajar com Alice
A um país sem quimeras
Onde a lei fosse

A paz do aprendiz
E a flor do ensinar
Renasceu
Vermelha como o sol

Ou amarela
Com o verde das matas
Cascatas na planície
Lá eu viraria escafandrista

O mar seria meu
A aquarela da vista

Ateu Poeta
13/03/2014

25
UMA NOVA DANÇA

A História é feita de páginas viradas
Porque mágoas guardadas não trazem glória
O resto é poesia
Guerra sem fim

Porque viver é lutar
 Mas também fazer alianças
Quando cada andança apascentar
Bailar uma nova dançar

Pelos ares
Sobre o mar
Como se fosse criança
Para se encantar

Com toda a crença na dúvida
A euforia a cavalgar

Ateu Poeta
13/03/2014

26
VELA

Vida
Vela acesa
Que revela átomos propagados
Na grande mesa

Universo afora, nada somos
Ínfimos cromossomos
Menos que gota d’água no mar
Mesmo assim o homem

É animal que vive a sonhar
Alimenta-se de ilusões
Pobres corações sufocados pela vil certeza
De que a natureza do belo some

Quando a chama se consome ao vento
Apagando ao relento qualquer sobrenome

Ateu Poeta
10/03/2014

27
NARCISO AO SOL

Narciso salvou-se sem saber nadar
Ao comer a maçã de Idun que caíra
Um sopro de vida então lhe surgira
Por impulso pode cantar

Ver o mar e fazer poesia
Com asas de Ícaro pôs-se a voar
Carregada pela águia a viu passar
_Esta musa deu vida ao meu coração, pensou

Mas apenas pode pronunciar-lhe o nome
Em vão seria procurar o pomar
É sensato não querer alçar-se ao sol
Pousou em meio à indecisão

Sem Isis, Íris nem Aurora a contemplar o arrebol
Foi embora
                                                                         
Ateu Poeta
25/02/2014

28
BALUARTE

Será a arte um baluarte azul
Para sustentar a parte lua dentro de nós?
Foz ou força?
A quantos nós?

Uma flor roxa que nasce em cada coração?
Paixão de trouxa sem declaração?
A dança que balança toda a nossa vida?
Guarida ou guerra?

Fome ou comida?
Faz fadiga e anestesia
Soporífero e arritmia
Letárgica miopia

Molda modas e modos
 Move mundos

Ateu Poeta
22/02/2014

29
AFORISMO DO ARREBOL

O que importa se o universo
É um caleidoscópio convexo de fractais
Onde só há cópia e fusão nuclear
E a pressão move tudo?

Se não posso correr em tuas curvas divinais
O mundo jamais fará sentido
Sem ti nenhum jardim florido é belo
Caramelo algum é doce

Ninguém há que endosse
Qualquer ideia do lirismo frenético
Arquétipos de paisagismo já não agradam
Só o teu abraço faz laço com o sol enriste

E pode provar que a alegria existe
No aforismo do arrebol

Ateu Poeta
18/02/2014

30
GRANSINFONIA

Divaguei devagar
Sobre o mar dos teus olhos
Vou naufragar
Lá na ilha de Abrolhos

Criei asas que valem mais que a canção
 Um pedaço do meu coração fora contigo
Pelo mundo afora
Ânfora do céu

Pés que voltam ao chão
A cada não dos teus lábios
Uma nota se perde da harmonia
Na gransinfonia do universo

Acabam-se os versos
Esvaindo a poesia

Ateu Poeta
17/02/2014

31
ESMERO E CAOS

A vida é um vislumbre
Guerra que alimenta a si
Desir do advento
Vento a esmo de volta à escuridão

Beijo de Luna e Coraci
Banho de espuma, lacunas
Uma pluma de nuvens
Tiro, rojão e guarida

Efêmera, frágil e dorida
Única, prazerosa e linda
Talvez o maior dos paradoxos
Num planeta de grandeza insignificante

Mero instante de frenesi
Ciclo de esmero e caos

Ateu Poeta
17/02/2014

32
SEM DESTINO

Aonde a estrada me levar, meu amor
Muito além do horizonte
Em voo rasante eu vou
Sobre o Rio Queronte

Como vã poesia, guria
Feito flecha arfante no ar
Sou o lobo uivante do monte
Louco pra te encontrar

Sairei por aí sem destino
Para que a solidão não possa
 Fazer-me companhia
A sinfonia em meu peito calar

Com toda a maestria da lua
Até tua bela boca beijar

Ateu Poeta
14/02/2014

33
SEREIA AO SOL

As coisas mais lindas
Não são fabricadas
Nada de industrial
Mas frutos do caos

Compondo jornada
Anti-artesanal
Embebida de ilusões
Em ritual sem sentido

Aferido por sapiente animal
Teus cabelos ao sol
Em consonância com a paisagem
Brilham mais que o arrebol

Seria miragem
Ou sereia à margem?

Ateu Poeta
 12/02/2014

34
CEGA NAÇÃO

Mais um jornalista assassinado
Parte o coração da imprensa
Um rojão sem decência
Derruba o cinegrafista

Esse artista da documentação
Que registra fatos reais
Fica aqui uma nota de repúdio
A toda essa violência banal

Prenúncio de guerra civil
Por maiores que sejam as falhas das prensas
Ninguém merece essa mortalha
De segar a informação

Sem jornais não haverá democracia
Seremos uma cega nação

Ateu Poeta
11/02/2014

35
V

Ver-te
Verte
Vértice
Vertentes

Variáveis
Verde
Ventre
Vida

Várias
Vozes
Verazes
Vão

Voraz
Virarão

Ateu Poeta
11/02/2014

36
ARMADILHAS A MAIS

A beleza não é o bastante
De que serve uma estante vazia?
Existem outras questões mais vitais
Melodramas de vitrais não sustentam sonhos

De tão risonhos ideais
Pra que tantas máscaras teatrais
Sem nenhum rosto real?
Nem todos conseguem viver de ilusões

É preciso algo a mais
Do que aforismos de cristais
Incógnitas artesanais
Mistérios de mil cadeados

Rodeados pelo jamais
Artimanhas e armadilhas naturais

Ateu Poeta
08/02/2014

37
ASAS DE PASSARINHO

Quem te vê sozinho no ninho
Não sabe o perigo que é voar
Passarinho bate as asas
Ficar em casa não dá

Ele vai
Siga também
Sem desdém
Porque quem detém não tem limites

A pluma que te escreves não se atreve
Em trevas de tristes trovões
Trovas, traves, travessões
Tigres travessos entre arpões

E mil coisas que a selva esconde
Ir aonde se não ao céu?

Ateu Poeta
08/02/2014

38
SEM PARTIDO

No Brasil os partidos
Viraram oligarquia
Caravana de bandidos
Matilhas que quebram a democracia

Precisamos da candidatura direta
Sem essa obrigatória estrutura
Ser inteiro, como diria um amigo
Por conta própria

Como em países evoluídos
Não é passeata contra a copa
Anonymous e Black-Blocks
Que mudarão os blocos desses carnavais

De dinheiro na cueca e muitos mais
As nossas leis estão banais

Ateu Poeta
26/01/2014

39
NADA SEREI

Sem teu abraço nem existo
Nada sei nem insisto
De tanto versejar velejei
Vivo a cantar

Mas nada serei
Não há laço com o mundo
Que valha uma pluma
Em vala de vale profundo

Sereias em série sonhei
Nas espumas do mar em flor
Nenhuma com o teu olhar
Perfume, semblante e calor

Ou o sabor dos teus lábios confusos
Onde o meu frenesi se calou

Ateu Poeta
23/01/2014

40
ODE À DOR 2

De todas as ilusões
A dor é a mais delirante
Enlouquece os mais sãos
Pode deixar zarolho

Torna fraco o rinoceronte
Faz qualquer um duvidar de si mesmo
Transforma materialistas em niilistas
Numa autoiconoclastia sorumbática  

Idiossincrasia que tira todo o sentido
De onde já nem havia
Vira noite o dia mais claro
O mais raro momento de sinestesia

Já não vale
Nem a metade da anestesia

Ateu Poeta
21/01/2014